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Toinho Melodia lança o CD “Paulibucano”

por Sintonia
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“Meu espelho nem trinca,

quanto mais quebar.

Meu espelho é o Samba”

Toinho Melodia logo após interpretar “Espelho” de João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro no show de lançamento de “Paulibucano”

 

 Vida:

 Toinho nasceu em família de tradições musicais, envolvida na Escola de Samba 4 de Outubro (nome adotado muito provavelmente em forma de reverência ao deus Baco, da Roma Antiga), no bairro da Casa Amarela, um dos mais populosos de Recife, não por menos, bairro de origem de Antônio Freire de Carvalho Filho, ou como Toniquinho Batuqueiro batizou “Toinho Melodia”. Foi ali que aprendeu, com o pai o ofício de pintor. Profissão.

 Já morando na capital paulista, no Alto da Vila Maria,  presente nos rachas do time Riachuelo, Toinho começou a conviver com os Bambas do samba, e na década de 1970 já defendia sambas de sua autoria na Escola de Samba Unidos do Morro de Vila Maria. Na vida formou-se compositor, instrumentista e cantor. Poesia.  

Show:  “Paulibucano”

Nesta sexta feira, aos dez dias do mês de agosto veio a forte a sensação de termos nascidos “Paulibucano” , show Idealizado por Rodolfo Gomes com  Arranjos do maestro Edson Alves, a produção musical é assinada por Rodolfo Gomes, André Santos e Gabriel Spazziani.  O trabalho tem 13 faixas, sendo que somente uma não tem participação de  Toinho Melodia como compositor.

 A noite ainda estava começando. Palco montado. Plateia lotada. O burburinho acabou com a entrada da personagem com uma bacia de roupas na mão e entoando uma canção de lavadeiras em capela. A plateia vai se abrindo enquanto a personagem faz seu caminho, que vez por outra faz coral com as estrofes mais conhecidas da música. A personagem representava a mãe de Toinho. Já no palco, a personagem estende as roupas para quarar.

 A emoção vem em enxurrada. Não dá nem tempo de se recuperar de uma, e lá vem outra em cima, sem dó e sem remorso.

 Na apresentação do show   ninguém arredou o pé.   Um  sósia de Toinho ainda jovem entra em palco com uniforme do time Riachuelo, contracena com mais artistas também trajando uniforme do time de futebol da várzea.  A representação retrata o dia em que Melodia recebe o convite para participar de uma roda de samba na Vila Maria.  Nunca mais parou.

  “Le Bolívia” já é um clássico do compositor “Paulibucano”. A emoção inunda o ambiente, não foi possível ninguém segurar. No palco, na plateia todos com os olhos embaçados, tentando segurar as lágrimas, a comoção foi geral quando interpretou “Vida de Sambista”.

Local do  evento:

Vila Madalena, antiga Vila dos Farrapos. Bairro da cidade de São Paulo é reconhecido como reduto boêmio, os estudantes que ali moravam batizaram os nomes das ruas de forma pitoresca, como Paulistânia, Harmonia, Girassol, Purpurina, etc. A adoção de nomes poéticos teve a intenção de quebrar a tradição de batizar as vias públicas com nome de autoridades. Resistência.

A homenagem aos bambas com quem bebeu na fonte dá inicio aos trabalhos com “Referência”, vários baluartes são lembrados em especial Toniquinho Batuqueiro.

  Grupo Picafumo :

  A sanfona e a rabeca dão o tom, e um arrasta pé danado se espalha na plateia, parecia até ensaiado. Contagiou a todos o compasso do sertão nordestino. Aliás, a interação do público com o artista e os músicos do “Picafumo” – grupo criado para acompanhar o artista há cinco anos, é extraordinário. O “Picafumo” tem uma linha de percussão precisa, cadenciada e competente. Uma linha de dueto de pau e outro de metal, trio de cordas e sanfona. Um coral de três vozes femininas e a rabeca com participação especial de Felipe Gomide. Tudo em uma prazerosa harmonia.

Verdadeiro amor:

  Melodia diz que nunca teve dúvidas de seu legado. Quando foi confrontado – “Ou eu ou o Samba”, não teve dúvidas e está até hoje com o samba, união estável e inseparável.

  Volta e meia a plateia faz intervenções acaloradas: ”É Toinho” grita uma parte da plateia, e a outra reponde logo em seguida: “Melodia”. Se já não bastassem as emoções contagiantes que vinham do palco, tínhamos também o grande apego do público com o artista, algo que é difícil de obter, com interações impecáveis cantando e acompanhando em uníssimo de palmas. Muito contagiante.

A trupe “Picafumo” homenageia o compositor com um cordel, cada integrante é encarregado de ler estrofes de versos que contam a historia de nosso personagem principal. Toinho encerra com “Espelho” de João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro, e diz: “Meu espelho nem trinca, quanto mais quebrar. Meu espelho é o samba”.

 

  Por Carlos J Fernandes Neto

Fotos: Lailson Leoncio

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