Foto Capa: Nelson Gariba
Com uma proposta ousada, a Vai-Vai transformou a avenida em um palco de experimentação teatral, evocando a essência do Teatro Oficina, fundado por Zé Celso. O desfile rompeu com estruturas tradicionais, apresentando cenas performáticas repletas de simbolismo, provocação política e uma explosão de cores e ritmos.
A bateria Pegada de Macaco foi essencial para a atmosfera do espetáculo ao ar livre, enquanto os componentes encenavam momentos icônicos da carreira de Zé Celso. O desfile vai gerar discussões tanto nas arquibancadas quanto nas redes sociais com um dos momentos mais provocativos do desfile, que foi a coreografia da comissão de frente, que abordou diretamente o conceito de orgia, em uma referência à mistura radical de cultura e sexualidade presente na obra de Zé Celso. Os dançarinos encenaram com sensualidade e vigor, trazendo à tona a ideia da “degutição bacante” do enredo, escancarando a relação entre o corpo, o prazer e a liberdade, ecoando a radicalidade das propostas de Zé Celso e a busca incessante pela subversão da ordem estabelecida.
Entenda o Enredo
O enredo da Vai-Vai se aprofunda na vida e obra de José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso. Um dos maiores nomes do teatro brasileiro, criador do Teatro Oficina. Ele revolucionou a cena teatral ao fundir música, política, sexualidade e religiosidade de maneira única. Sua estética influenciou gerações e é considerada um pilar da Tropicália e da contracultura nacional.
Além da batalha de Zé Celso pela preservação do teatro, ameaçado pelo avanço imobiliário em São Paulo. O desfile também reverberou a energia mística e ritualística da obra de Zé Celso, misturando referências do candomblé, xamanismo e outras tradições populares brasileiras.
Trazendo em um dos seus carros, atores e personalidades políticas como a deputada Samia Bonfim, a apresentação da Vai-Vai reforçou o poder do Carnaval como uma manifestação artística e política, celebrando a cultura como ferramenta na construção da identidade nacional. Com uma performance inesquecível, a Saracura não só levantou o público, mas também deixou uma poderosa mensagem: a cultura é resistência, e o Carnaval segue sendo um espaço vital para aqueles que ousam sonhar sobre a ‘desordem’.
São Paulo vai conhecer a grande campeã do Carnaval 2025 na terça-feira (4) às 16h, sendo que as últimas duas escolas na pontuação geral passam a desfilar no Grupo de Acesso I em 2026 e as cinco primeiras participam do desfile das campeãs no dia 08 de março.