Com a tradição do trevo que benze e abençoa, que tira o mau olhado e sambando no pé, a Camisa Verde e Branco desfila uma prática cultural ancestral que perpassa as gerações e religiões.
Foto Capa: Nelson Gariba/Sintonia de Bambas
Com o Enredo “Rezadeiras – Na Fé do Trevo, Eu te Benzo! Na Fé do Trevo, Eu Te Curo!”, a Camisa Verde e Branco busca o título no Grupo de Acesso I, mas além do desejo de se tornar a grande campeã, foi possível encontrar no desfile um resgate e contato com o acalanto da benção e cura através do amor.
Com uma história de grandes títulos e reconhecimento no Carnaval, o outrora Grupo Carnavalesco Barra Funda, nasceu em 1914, mas perseguidos pelo governo de Getúlio Vargas deixaram de desfilar pelas ruas de São Paulo e retornam em 1953 como Cordão Mocidade Camisa Verde e Branco. Daí em diante a hegemonia de títulos fez a Escola de Samba Camisa Verde e Branco. Com a ditadura militar, um novo período de repressão, censura e silenciamento fez parte da história da Escola, com a proibição em 1983, do Enredo em homenagem a João Cândido com o título “A Revolta da Chibata. Sonho, Coragem e Bravura. Minha história: João Cândido, Um Sonho de Liberdade”.
O benzimento é uma ciência ancestral de cura, que afasta doenças e os maus físicos ou espirituais, geralmente realizado por mulheres que recebem o nome de “benzedeiras”, “curandeiras” ou “rezadeiras”, essa prática esteve e está presente em quase todas as culturas pelo mundo e utiliza de elementos da fé e da natureza para trazer acolhimento, fé e cura. Elas usam gestos, plantas e/ou ervas sempre em prece e com coração em conexão com a energia do amor e do bem na alma para tocar a alma de quem será benzido e fizeram parte de um projeto do Camisa Verde chamado “Mapa das Benzedeiras”, com o intuito de mapear e facilitar o acesso da população para prática ancestral.
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