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Presidente da UESP destaca importância cultural do Carnaval Paulistano

Alexandre Magno, presidente da UESP, ressalta o papel crucial da matriz do samba paulistano na história e gestão das tradições carnavalescas.

por Josy Dinorah
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Foto Capa: Nelson Gariba

A UESP, uma das mais antigas entidades carnavalescas do Brasil, celebrou seu cinquentenário em 2023 e para compreender sua relevância no Carnaval SP, conversamos com seu atual presidente, Alexandre Magno (Nenê). Ele ressaltou a gênese da fundação da UESP como resposta à legalização do Carnaval SP. Além de reforçar o papel da matriz do samba como elo entre as escolas de samba, o poder público e as entidades privadas.

Segundo Alexandre, a UESP é mais do que uma simples associação de escolas de samba; ela é uma entidade que tem raízes profundas na cultura do samba e que desempenha um papel crucial na formação e desenvolvimento das agremiações carnavalescas da cidade. “Não são muitas escolas, são todas as escolas que passam pela UESP. Muita gente acha que a escola tem que começar como bloco, um bloquinho, e depois virar escola. Em São Paulo, a categoria escola de samba e bloco são distintas. Cada uma é um segmento dentro do samba, da estrutura do Carnaval. Em algumas cidades do Brasil, as escolas precisam primeiro ser blocos para depois se tornarem escolas. Por exemplo, no Rio de Janeiro, elas começam como blocos e depois passam a ser escolas de samba. Aqui em São Paulo, não. Inclusive, algumas escolas eram blocos e passaram a ser escolas, como é o caso da Gaviões da Fiel, a Torcida Jovem, a escola de samba Flor de Lis, escola de samba Unidos de Santa Bárbara, Mocidade Alegre, entre outras. Elas eram blocos e, por opção, se tornaram escolas de samba. Isso é diferente do que aconteceu com o Vai Vai e a Camisa Verde, que eram cordões carnavalescos e foram obrigados a se tornar escolas de samba para poderem participar do concurso.” enfatiza o Presidente.

Durante a conversa, Alexandre contou histórias sobre o universo carnavalesco e, emocionado, explicou a complexidade e a riqueza cultural por trás do Carnaval Paulistano, enfatizando que o Carnaval, ao contrário do que muitos pensam, não é apenas uma festa popular, mas sim um conjunto de tradições que vêm das escolas de samba e dos blocos, formando uma cultura rica e matriarcal. Ele compara essa relação com a dinâmica familiar, onde os mais velhos passam seus ensinamentos aos mais jovens, criando uma teia de ancestralidade e respeito mútuo que se estende por gerações.

Ao falar sobre sua própria trajetória, Alexandre ressaltou a importância dos bambas do Carnaval que o inspiraram e se tornaram seus ‘heróis’. Além de reforçar que na UESP a verdade se revela sem disfarces. Seja na concentração, durante o desfile ou no meio do público, todos se misturam para criar uma atmosfera de participação popular intensa. Para assistir os desfiles, o acesso é gratuito e o público pode não apenas curtir os desfiles, mas também interagir de forma espontânea e apaixonada. Mas nem tudo são apenas momentos de alegria e harmonia. Alexandre também menciona os desafios enfrentados pelas escolas, desde problemas técnicos até questões internas de componentes. No entanto, é justamente nesses momentos de dificuldade que a comunidade se une ainda mais, torcendo e apoiando para que tudo dê certo.

Para Nenê, a polêmica é algo que não deve ser evitado, mas sim encarado de frente. “Eu adoro uma polêmica, eu não fujo delas” afirma ele, destacando o papel dos jurados ou avaliadores quando chega a apuração dos resultados no Carnaval e, que em um encontro descontraído com o Presidente da Liga, ambos buscaram conversar sobre como encontrar a ‘fórmula mágica’ para o assunto. Alexandre reconhece que não existe uma fórmula perfeita. Erros acontecem, e a questão crucial é distinguir entre erros genuínos e má-fé. Para os primeiros, a UESP busca uma abordagem de aprendizado e reciclagem, incentivando os avaliadores a identificar seus próprios erros e buscar melhorias constantes. Ele ainda argumenta que a subjetividade do conceito criatividade torna difícil sua aplicação justa e objetiva no processo de avaliação. Na tentativa de mitigar equívocos, ele menciona a exclusão da palavra ‘criatividade’ dos critérios de avaliação na UESP. Para o Sintonia de Bambas, Alexandre afirmou que a UESP tem se empenhado em oferecer um curso de avaliadores cada vez mais atualizado, destacando a importância da grade curricular, que é constantemente revisada e ampliada. Uma das preocupações centrais é a escrita e a coesão dos textos de avaliação, aspectos muitas vezes negligenciados que podem comprometer todo o trabalho e para ajudar os avaliadores, a UESP está considerando até mesmo palestras com psicólogos, visando não apenas o aprimoramento técnico, mas também o bem-estar e a capacidade dos avaliadores de lidar com a pressão e as exigências do processo.

Um dos destaques da fala de Alexandre foi que nos últimos anos, a UESP enfrentou diversos desafios financeiros, como a falta de investimentos e a estagnação nos recursos para o Carnaval, por quase quinze anos. Com a atuação da Secretaria de Cultura, como aliada fundamental na luta pela valorização da cultura carnavalesca em toda a cidade, a mobilização política liderada pelo vereador Milton Leite que foi fundamental na discussão da importância dos investimentos do Carnaval na Câmara Municipal, enquanto o vereador Ricardo Teixeira se destacou por repor recursos financeiros essenciais para a continuidade das atividades carnavalescas. “A atual gestão traz o Carnaval para a cultura, porque a cultura, para ser bem sincero, nunca nos reconheceu como parte da indústria criativa. A cultura nunca olhou para o Carnaval e pensou na história de São Paulo, no samba como um todo. O samba demorou, inclusive, para entrar na virada cultural. Vejo os prefeitos de outras cidades brigando contra o Carnaval, com uma visão preconceituosa e covarde nas falas que… Não, não posso investir dinheiro no Carnaval porque está faltando na creche, está faltando no posto de saúde. A fala covarde de que o dinheiro é carimbado, por essa visão do racismo estrutural, do racismo que está nas entranhas da nossa sociedade, e também dessa questão de ideologia religiosa. Então, os prefeitos estão acabando com o Carnaval, e São Paulo não, fez o caminho contrário.” – ressalta Nenê.

Alexandre ainda enalteceu sua equipe e o progresso com o crescimento da UESP não só com os desfiles, mas também os benefícios diretos aos sambistas e o público em geral. Destacando a relação entre as escolas de samba e as comunidades carentes, onde essas instituições culturais se tornam espaços de oportunidades para jovens e adultos, oferecendo atividades sociais e educativas. Além disso, o presidente comentou sobre as melhorias planejadas, como aperfeiçoamentos na iluminação, maior valorização e humanização de todos os envolvidos no Carnaval SP 2025. E, como ponto pé inicial , a UESP está trabalhando em parceria com a Vem TV para o sorteio dos desfiles 2025 das Escolas de Samba de Bairro. O evento é restrito aos representantes das agremiações filiadas à UESP e será transmitido ao vivo, no dia 15 de junho (sábado), a partir das 13 horas pelos canais do YouTube da UESP e da Vem TV.

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