Foto Capa: Arquivo UESP/Facebook
Encontrar registros sobre temas, enredos ou a história das escolas de samba paulistanas antes da popularização dos carnavais na cidade é um desafio. E quando falamos dos desfiles da UESP, a escassez é ainda maior, seja na imprensa diária ou com demais fontes. Essa falta de informação e de conhecimento sobre o trabalho nos bastidores do Carnaval fazem com que poucos conheçam sobre a estruturação dos desfiles carnavalescos organizados pela UESP, fundada em 10 de setembro de 1973.
Muito embora, a velha guarda ainda nos conte muitas histórias, passadas de geração a geração, é necessário um trabalho político e social ainda mais árduo para manter viva as memórias trazidas pela tradição oral. E, lotar arquibancadas nas ruas da Vila Esperança e Butantã durante os desfiles da UESP, é um excelente caminho para o entendimento sobre a cultura da ancestralidade na contemporaneidade do Carnaval SP. Seja em 1978 com a Acadêmicos do Tucuruvi, em 1996 com a Acadêmicos do Tatuapé ou 2001 com a Mancha Verde, algumas das escolas que hoje fazem parte da LIGA SP e que desfilam pelo Grupo Especial já foram campeãs pela UESP, a raiz do carnaval paulistano nos bairros da periferia de São Paulo.
Sendo os desfiles na Vila Esperança, o Carnaval mais antigo da cidade, completando 104 anos em 2024. Atualmente, com dois pontos de encontros das comunidades do samba, Vila Esperança e Butantã, a UESP mantém viva a tradição do carnaval ao dar visibilidade aos bairros da periferia de São Paulo.
E assim como qualquer discussão sobre cultura no Brasil que passa, inevitavelmente, pelos caminhos do Samba, esse contato com a sociedade, com as escolas menores, que é feito pela UESP, ganhou a atenção e o acolhimento da Secretaria Municipal de Cultura.
A secretária Aline Torres, esteve presente nos desfiles e fomentou o grande incentivo da Prefeitura de São Paulo ao oferecer maior estrutura ao público e para as escolas de samba se apresentarem pelos Grupos Especial de Bairros, Acesso de Bairros 1 e Acesso de Bairros 2, Acesso de Bairros 3, além dos Blocos Especiais e Acesso de Blocos.
“A SMC considera fundamental apoiar o Carnaval da UESP, que faz um trabalho importantíssimo nos bairros com os desfiles de escolas de samba e movimenta a cultura e a economia local”, afirmou a secretária Aline Torres, enfatizando o compromisso da Secretaria em apoiar a cultura periférica e promover sua descentralização.
Com origem no grito de reivindicação do povo das ruas e das associações carnavalescas na época, a missão da UESP tem como finalidade, o acolhimento das escolas de samba e blocos carnavalescos. Representando cada uma delas junto ao poder público. Atualmente, sem a grandiosidade e a popularização que os Desfiles do Grupo Especial ganham na TV, mas mantendo toda a autenticidade das agremiações e blocos na acessibilidade no processo de preparação, onde tudo o que é produzido depende de uma ação da sua comunidade apaixonada pela sua escola e pelo Carnaval.
E foi com esse lindo trabalho que a escola de samba Brinco da Marquesa, fundada em 1988 durante o casamento do Mestre Airton, somou 269,9 pontos e foi a campeã do Especial de Bairros. E, juntamente com a vice-campeã Raízes, vai desfilar no Acesso 2 da Liga SP em 2025.
“Nossa escola tem uma história bem particular. Quanto ao nome, ele é o feminino da Rua Marques de Lages, a ‘Marquesa’, rua onde ocorriam os encontros e ensaios na época. O surgimento do Brinco em 1988 ocorreu no casamento do nosso Mestre Airton. Estavam reunidos lá sambistas da região, que eram oriundos do bloco ‘Carga Pesada’, bloco que acabara de ser extinto naquela época. Esses sambistas tiveram a ideia de fundar então outra entidade para reunir novamente esses sambistas. Fundaram então o Brinco da Marquesa, com a presença de Mestre Airton, Mestre Waltao, Lineto Basilio, Jorge Arantes e Rogério Valériano. Infelizmente, logo em seguida, o Brinco fechou as portas, e houve uma nova movimentação com sambistas do bairro para a retomada em 1991 e o desfile em 1992. Chamamos essa data de segunda fundação, com Lineto Basilio, Mestre Waltão, Cláudio Cimiliano, Tiê, Clotilde, Faé, Dona Nena, entre outros. A partir daí, o Brinco seguiu sua caminhada.” – A Vice Presidente de Carnaval do Brinco, Thais Cimiliano, compartilhou a história da escola.
Agora, em preparação para o Carnaval de 2025, a Escola de Samba está focada não apenas em surpreender, mas em conquistar o título no Grupo de Acesso II e quer se estabelecer como uma das principais agremiações do Carnaval SP, com um compromisso renovado com a excelência artística e o fortalecimento de sua identidade cultural.
A festa da vitória está marcada para o próximo sábado, dia 13 de abril, na quadra do Brinco da Marquesa. A presença no evento da bicampeã do Carnaval SP 2024, Mocidade Alegre, ressalta a importância da união entre as Escolas de Samba para a cultura e a comunidade, fortalecendo os laços que definem o Carnaval SP.
Local da Festa: Rua Dom Vilares, 300, Vila Brasilina – São Paulo/SP
Horário: Após às 16h – Evento aberto ao público