Foto Capa: Dayse Pacifico
A Mocidade Alegre trouxe para a avenida uma das principais características da fé brasileira, o patuá. Durante o desfile, a Morada do Samba contou a história da bolsa de mandinga, objeto trazido pelos negros africanos islamizados ao Brasil Colonial.
O “patuá” tem um significado cultural, relacionado a rituais e tradições locais que envolvem proteção espiritual, sendo símbolo de resistência para os escravizados, mesmo ainda sofrendo o estigma como um objeto de feitiçaria. E no desfile da Morada do Samba, a mandinga e o patuá não foram apenas um amuleto, mas um grito de liberdade, uma expressão de fé e resistência contra o racismo e a intolerância religiosa.
Entenda o Enredo
O enredo fala da fé brasileira e a história da resistência negra no Brasil, destacando a bolsa de mandinga, símbolo de fé e proteção trazido pelos africanos islamizados no período colonial, um amuleto, que carregava orações do Alcorão e que ganhou diversas versões dentro da fé brasileira, que mesclam as tradições africanas, islâmicas e cristãs.
Perseguida pela Inquisição portuguesa, a mandinga representava uma forma de resistência à opressão e ao racismo. Com o tempo, se ressignificou, tornando-se um símbolo do sincretismo religioso e da luta contra a intolerância religiosa, sendo, até hoje, um grito de liberdade e identidade para os negros.
Transformando a Avenida em um terreiro de resistência e orgulho da fé do brasileiro, o desfile da Mocidade Alegre foi vibrante e levantou o público presente no Anhembi, mas apresentou problemas técnicos em uma das alegorias. O que pode tirar alguns pontos da agremiação que busca o tricampeonato em 2025.
Cada detalhe das fantasias e cada verso do samba, foi uma celebração da luta e da persistência dos ancestrais que, mesmo diante de adversidades, conseguiram manter vivas suas tradições e sua identidade. Afinal, quem não pode com mandinga, não carrega patuá — ainda é com essa força que a escola é uma das favoritas ao título de campeã do Carnaval SP 2025.
Facebook comentário