Por: Valdir Sena
Não é à toa a indignação que circulou nas redes sociais , nas últimas semanas, com a foto da figura do “Criolé”, um dos símbolos da Escola de Samba Vai Vai. A imagem toda quebrada, jogada e desprezada no terreno próximo ao Sambódromo do Anhembi, entre outros apetrechos que sinalizavam a sua “morte” e o “abandono”, nem de longe parecia ser um símbolo de uma respeitada Agremiação.
Cena que apesar de patética deixa no ar o significado da falta de respeito e o desprezo com a história. Apesar da repulsa de muitos, a imagem porém, pode servir de alerta para uma nação apaixonada pelo pavilhão preto e branco que custa em aceitar a queda da escola no último Carnaval para o grupo de acesso. Afinal a Vai Vai é um dos pilares do samba e do Carnaval de São Paulo.
Dia desses, diga-se de passagem, em encontro com velhos amigos sambistas e jornalistas da antiga, à beira de um campo de futebol de várzea, a resenha não podia ser outra, ” os fatos que atravessam o samba da Vai Vai e toda sua comunidade”. Perguntas como “O que será da Vai Vai?” “E a diretoria muda ou não muda?” “Será que vai ter tempo para fazer um grande desfile e virar o jogo?”. Essas entre outras dúvidas surgem na nossa descontraída prosa sobre o Carnaval Paulistano.
Para aumentar nossas preocupações, os boatos que vem lá do Bixiga não são nada animadores, a comunidade vive em meio de um “racha”, brigas e discussões de conselheiros além dos embates jurídicos para assumir a gestão, e os rumos da escola ainda estão mal resolvidos. Período difícil e dramático! Justamente em plena temporada de comemorar os 90 Anos de história do samba e no Carnaval.
Se considerarmos que até agora a Escola não definiu o samba Enredo , carnavalesco, comissão de carnaval, e datas para previsão de disputas de sambas enredos, além do planejamento do desfile, o drama que vive a Vai Vai pode ser pintado sobre um cenário com tintas fortes da tragédia de um enredo desafinado e atravessado.
No Carnaval de 2020, os desafios da Vai Vai serão muitos. Além de superar as crises e desavenças internas, a escola tem a obrigação de reviver seus grandes Carnavais e fazer um desfile que apague os erros cometidos em 2019 que causaram a sua queda para grupo de acesso 1 da Liga.
Entendemos que para o bem da comunidade, e do Carnaval não seria pedir demais para que os integrantes da situação e oposição deixassem de lado as vaidades, o egoísmo, as brigas pelas disputas internas de liderança e que se unam para manter a paz! E através dessa união, prevalecesse o bom senso e humildade para levar o Vai Vai a fazer um grande desfile de garra e raça para “Escola do Povo” sacudir a poeira e dar a volta por cima no Carnaval 2020. Afinal a Escola de Samba Vai Vai é maior que qualquer disputa interna e desunião. A Vai Vai é tradição e o samba continua!
Valdir Sena – Jornalista, radialista, pesquisador e cronista de Carnaval.
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