Para além do “Quarto de Despejo”, a Escola de Samba Colorado do Brás prestou uma linda homenagem a uma das maiores escritoras negras do País e trouxe ao Anhembi uma reflexão sobre o racismo que apagou Carolina de Jesus da cultura e da educação brasileira.
Foto Capa: Nelson Gariba / Sintonia de Bambas
Com o Enredo “Carolina – A Cinderela Negra do Canindé”, do carnavalesco André Machado, a Escola de Samba Colorado do Brás trouxe ao Anhembi, a reafirmação da negritude através do reconhecimento e a valorização da história de vida e obra da escritora Carolina de Jesus. Lançando um olhar crítico sobre como o racismo e as desigualdades sociais que marginalizam podem apagar outras tantas Carolinas, mulheres negras, mães solteiras, faveladas e periféricas da produção artística, literária e acadêmica do País.
O desfile da Colorado destacou toda trajetória da escritora mineira que ganhou destaque internacional com a obra ‘Quarto de Despejo: Diário de Uma Favelada’, publicado em 1960 e traduzido para 13 línguas. O livro que é um relato das dificuldades da vida de Carolina, ainda hoje, é a realidade de muitas pessoas pelo Brasil.
Moradora da favela do Canindé, zona norte de São Paulo, Carolina de Jesus, entre as tentativas de conseguir alimento, moradia e roupas aos seus filhos através do trabalho de catadora de papel, escreveu sua poesia do cotidiano em folhas de cadernos que encontrava no lixo. Mineira, nascida na cidade de Sacramento, Carolina veio para São Paulo em 1947, e foi uma das moradoras das primeiras favelas que surgiram pela Capital. Apesar do pouco estudo e oportunidade de aprender, Carolina sempre teve gosto pelas palavras e se encantava pela arte, tornando-se uma grande artista popular. Atualmente, sua obra principal é leitura obrigatória nos principais vestibulares do Brasil.
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