Nas despedidas das vozes de Nelson Sargento e Dominguinhos do Estácio de Sá, o aperto da saudade deixa em silêncio o mundo do samba. No fim de maio, o tom do adeus a dois sambistas históricos, que deixou o mundo do samba triste.
O primeiro foi Nelson Sargento, que nos deixou aos 97 anos, sambista, poeta, cantor, compositor, músico, pintor, artista plástico, e uma vida dedicada ao samba e a escola de samba Estação Primeira da Mangueira, onde era o presidente de honra da Verde e Rosa.
Entre os sambas memoráveis de Nelson Sargento “Agoniza mais não morre” , um dos mais cantados nas rodas de samba é também uma reflexão poética e de alerta para que a cultura sambística não desapareça no meio de tantas mudanças em nosso dia-a-dia. Com a missão cumprida Sargento segue em paz, pois deixa um legado incomparável ao mundo do samba.
“Quando a saudades apertar!!! E eu voltei pra ficar ao teu lado!!! Dá um nó na garganta e meu peito se zanga é sentido calado…”
Versos de um dos mais lindos sambas de exaltação da Escola de Samba Estácio de Sá eternizado na voz de Dominguinhos do Estácio de Sá, que também nos deixa aos 79 anos.
O carioca Domingos Costa Ferreira, “Dominguinhos do Estácio de Sá” faleceu na madrugada de 31 de maio, por insuficiência cerebral no Hospital Geral de Niterói, onde estava internado desde 11 de maio.
Uma das vozes mais marcantes do Carnaval do Rio de Janeiro, Dominguinhos teve passagens pela Unidos de São Carlos, Estácio de Sá, Imperatriz Leopoldinense, Acadêmicos de Santa Cruz, Inocentes de Belford Roxo, União da Ilha, Grande Rio e Viradouro. No último Carnaval de 2020, Dominguinhos do Estácio de Sá sofreu um infarto ainda na Marques de Sapucaí, ao término do desfile da Viradouro. Foi encaminhado ao um Hospital na Tijuca e foi submetido a um implante para restabelecimento de fluxo sanguíneo na artéria coronária. Dominguinhos foi por 11 anos o interprete oficial da Viradouro. Seu tradicional grito de “guerra” para anunciar a escola “Olha ( a Estácio, a Imperatriz, a Viradouro …) Chegando”, não terá mais a sua entonação no Sambódromo.
Valdir Sena – Jornalista, radialista, pesquisador e cronista de carnaval.
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