Faltando apenas poucos meses para o maior espetáculo da Terra, o sentimento de luta contra o preconceito e o resgaste pelas raízes africanas ecoa nas quadras das Escolas de Samba.
No início do mês de março de 2019, as escolas de samba do Carnaval de São Paulo, entram no Anhembi. Entre a briga pela subida ao grupo Especial e o título de grande campeã, temas como racismo e a história de grandes guerreiros políticos e temas sociais ditam os ritmos dos ensaios nas quadras das agremiações.
Reflexo da pugna pela sobrevivência e a falta de valorização da cultura brasileira, as comunidades das escolas de samba lutam diariamente para sobreviver com a verba da prefeitura, algumas privilegiadas possuem patrocínios, outras produzem festas, há as que contam com doações de simpatizantes. Tudo isso para realizar a maior festa da expressão cultural do povo brasileiro. O evento é transmitido por diversas mídias para o mundo inteiro.
Formada por pessoas simples, amantes do samba e apaixonados pelo pavilhão, as alas, a bateria e os diretores trabalham constantemente para manter o espetáculo, que tem a durabilidade de aproximadamente uma hora ( dependendo do grupo ao qual pertence a agremiação). Toda essa articulação, tem como objetivo convencer os jurados que todo o esforço merece nota dez nos quesitos avaliados.
Com destaque pela busca do terceiro título a Acadêmicos do Tatuapé , com 66 anos de existência, que tem como padroeiro São Jorge Guerreiro, sabe bem como é essa luta incansável. A Escola tem como maior tesouro sua comunidade, e ecoará em várias vozes na passarela do samba em 2019: “Vou defender minha nação. Óh Pátria amada, idolatrada não chores em vão.”
E junto com outras escolas se prepara para fazer do Carnaval do próximo ano palco da ascensão e resgate dos elementos das matrizes africanas, que faz parte da cultura brasileira. O trabalho intenso de preparação da escola começou um mês após os desfiles de 2018, como explica o Diretor de Bateria da Acadêmicos do Tatuapé, Leonardo Cupim.
Leonardo, juntamente com outros diretores, atuam na formação de novos ritmistas, os voluntários interessados em aprender percussão participam dos ensaios da Escola, e após dois meses se juntam à bateria Oficial para os ensaios técnicos, com novas bossas (ritmos que embalam o samba), que são desenhadas para abrilhantar ainda mais o Hino Oficial.
Em agosto, com o lançamento Oficial do Samba Enredo “Bravos Guerreiros! Por Deus, pela honra, pela justiça e pelos que precisam de nós.”, os ensaios ocorrem todas as quintas-feiras e sábados , a partir das 20hs. E em dezembro ganham mais intensidades, com o reforço de um dia a mais na agenda da bateria, terças-feiras.
A dificuldade financeira da Escola é algo que se faz presente nos discursos de seus componentes, a beleza dos carros alegóricos e fantasias não possuem patrocínio, e não são fáceis de ser finalizados, o que só aumenta a vontade de trazer o terceiro título seguido para o barracão “Se vem ou não vem, a gente não pode saber! Mas que a gente está trabalhando pra isso, com certeza. Temos mais quatro meses de trabalho árduo… Então, nosso foco é fazer o melhor desfile da nossa vida, a gente vem sempre falando, e tomara que seja na terça feira (dia da apuração), que nós nos consagremos campeões mais uma vez!” – enfatiza, Leonardo.
Após uma eleição, onde a nação brasileira escolheu seus representantes , vários temas foram exaltados, o fim da corrupção e a luta pela democracia (através dos direitos humanos e o respeito às diversidades religiosas, étnicas, sexual e gênero). Várias escolas do Carnaval de São Paulo trarão para Avenida suas contribuições para esses grandes anseios , sambas enredos que contam a trajetória dos povos e culturas plurais , cheios de tanta fé num futuro melhor serão temas de muitas de nossas agremiações. E a Tatuapé trará a representatividade à tantos guerreiros anônimos que faz a história da nossa Nação.
Por: Josy Dinorah
Confira um trecho da entrevista:
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