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Escutando a voz do coração, AMESBEESP, mantêm viva a tradição do Carnaval de São Paulo

por Sintonia
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Comemorando 23 anos de existência, a AMESBEESP ainda tem folego para conduzir a tradição do Carnaval de São Paulo através da dança e do resgaste das raízes do samba.

Mestre sala por 34 anos em grandes escolas de samba do Carnaval de São Paulo, e hoje, presidente da Associação de Mestre Sala, Porta Bandeira e Porta Estandarte do Estado de São Paulo (AMESBEESP), Ednei Pedro Mariano, se orgulha de todo apoio e do espaço cedido pelas escolas de samba da Capital para a realização do trabalho de resgaste cultural e da tradição da dança na avenida.

Foto: Divulgação

O Carnaval, é a maior festa popular com tradições de raças, cultura e religião que formaram nossa história. E em fevereiro de cada ano, uma multidão se reúne em barracões, avenidas e cordões para celebrar o trabalho árduo da confecção de suas fantasias e a celebração da dança. A dança do mestre e sala e porta bandeira é caracterizada pela ginga, a graça e a postura do giro com o pavilhão da escola, caracterizado pelos passos de minueto. Usando roupas da corte, antigamente, pintavam-se o rosto de branco para satirizar os nobres que proibiam os negros de comemorar o Carnaval, e atualmente, é um dos componentes mais importantes no critério de avaliação da festa. O projeto de criação de uma Associação que fizesse o resgate da graça e da matriz africana da dança dos mestres salas e portas bandeiras, surgiu após uma longa conversa de rádio em 1995.

Os jornalistas Evaristo de Carvalho e José Carlos Alvarenga entrevistavam o mestre sala Gabriel de Souza Martins, o Gabi, sobre os rumos que a dança estava tomando com a introdução de dançarinos profissionais como jurados nas apurações carnavalescas, Ednei ligou para o programa, e logo, foi colocado no ar da Rádio Gazeta. Por sugestão dos jornalistas, os dois mestres salas montaram a AMESBEESP, no dia 10 de junho de 1995. “Logo após o Carnaval, nos reunimos, eu e o Gabi, o Paulinho que era mestre sala do Vai Vai e o Jorginho mestre sala da Rosas de Ouro na época, e fizemos três seminários no Anhembi. Tivemos muita ajuda de Teresa Santos, atriz, diretora de teatro e escritora e do Diretor de Carnaval do Anhembi, na época. A Magali, que era a presidente da Camisa, foi a primeira presidente a ceder as quadras da escola. Discutimos o Estatuto, e em 10 de junho de 1995, fundamos a Associação com o propósito de resgatar a cultura, a tradição da dança que estava quase perdendo, e nesses 23 anos não fugimos em nenhum minuto de nosso ideal. ” Enfatiza Ednei.

Por sem uma entidade sem fins lucrativos, toda a estrutura é mantida sem verbas dos grupos carnavalescos, o trabalho dos instrutores, diretores, tesoureiros e outros membros da Associação é todo voluntário. Formado por mestres salas, portas bandeiras e porta estandarte, os cursos são ministrados no sábado pós carnaval. Os cursos duram de três a seis meses, divididos pelas categorias Kids (crianças de 06 a 12 anos), sala de iniciantes, sala de intermediários e a sala de avançados. Cobra-se apenas uma taxa de inscrição dos alunos para despesas básicas. Sem contar com uma sede própria, a Associação conta com o apoio das Escolas de Samba, ao cederem suas quadras pelo período de dois anos. O final de curso é celebrado com uma grande festa para certificações dos alunos e há seis anos premia os casais que obtiveram nota máxima no Carnaval pelas suas escolas. Ednei ressalta como o amor pelo Carnaval mantém viva a dança “Aqui em São Paulo, não existe profissionalismo de dança. São poucos que recebem para executar o trabalho, então nós ainda estamos na coisa de fazer isso por amor. ”

Mas, o trabalho da Associação não se resume os cursos e festas, nos dias de desfile, todos os seus membros dão suporte aos casais das Escolas de Samba em um galpão cedido pela Liga, no Anhembi. Além de indicar aos jurados, com uma placa de sinalização, qual o casal que disputa as notas no quesito Mestre Sala e Porta Bandeira. Contando com respeitados nomes do meio.  Ednei corre o Estado ministrando palestras e seminários sobre a cultura do Carnaval, e ressalta que o samba de São Paulo é advindo da tradição rural do nosso estado e que diferente do Rio de Janeiro, tem na figura do pavilhão a identidade da entidade carnavalesca. Este instrumento que causa comoção e muito respeito nas quadras das escolas e na avenida, teve origem nas festas religiosas e nos congados, onde a visita da bandeira do divino nas casas era sinal de respeito e confiança. Após a abolição da escravatura, os negros migraram para a Capital e aqui formaram sociedades, grêmios e clubes, como o Guaritão, o São Paulo Chique, o Campos Elíseos, o Paulistano da Gloria, Grupo do Vai Vai, Turma do Cai Cai, entre outros, que durante o ano eram entidades recreativas, mas que abriam suas portas para aqueles que quisessem brincar o carnaval e logo ganharam as ruas. Apesar da vaidade que a mídia pode oferecer, Ednei acredita que as divulgações de trabalhos como o da Associação, vão cultivar a beleza do Carnaval como destaque da nossa cultura.

Confira um pouco mais da conversa com o Presidente da Associação:

 

Veja fotos do 23º Aniversário da AMESBEESP.

 

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